Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos desenvolveram um interesse geopolítico na Groenlândia, e em 1946 os Estados Unidos ofereceram comprar a ilha da Dinamarca por US$ 100 milhões. A Dinamarca se recusou a vender. No século 21, os Estados Unidos, de acordo com o Wikileaks, continua com alto interesse em investir na base de recursos da Groenlândia, explorando o litoral groenlandês.
(Os Estados Unidos sempre tiveram interesse na Groenlândia. Esta é a Base Aérea Thule, americana, no noroeste da ilha)
Em 1950, a Dinamarca concordou em deixar os Estados Unidos reestabelecerem a Base Aérea Thule na Groenlândia; ela foi enormemente expandida entre 1951 e 1953 como parte de uma estratégia de defesa unificada da Guerra Fria da OTAN. A população local de três vilarejos foi deslocada a mais de 100 km de distância durante o inverno. Os Estados Unidos tentaram construir uma rede subterrânea de locais de lançamento de mísseis nucleares na Calota Polar da Groenlândia, chamado de Projeto Iceworm. Fizeram esse projeto a partir de Camp Century de 1960 a 1966 antes de o abandonar, pois viram que não era viável. O governo dinamarquês não ficou sabendo da missão do programa até 1997, quando o descobriram enquanto viam dados relacionados à queda de uma aeronave nuclear B-52 em Thule em 1968.
(A Dinamarca não sabia dos projetos dos Estados Unidos de lançarem mísseis nucleares a partir da Calota Polar da Groenlândia)
Com a constituição dinamarquesa de 1953, o status de colônia da Groenlândia terminou, pois a ilha foi incorporada no reino como um amt (município). A cidadania dinamarquesa foi dada aos groenlandeses. As políticas dinamarquesas em relação à Groenlândia consistiam em uma estratégia de assimilação cultural – ou uma “desgroenlandização”. Durante este período, o governo dinamarquês promoveu o uso exclusivo do idioma dinamarquês em assuntos oficiais, e obrigou os groenlandeses a irem para a Dinamarca para o ensino pós-médio. Muitas crianças groenlandesas cresceram em internatos no sul da Dinamarca, e muitos perderam seus laços culturais com a Groenlândia.
(Um alojamento para crianças estudantes na Dinamarca, nos dias de hoje)
Enquanto essas políticas foram um “sucesso” ao transformar os groenlandeses de serem primariamente caçadores de subsistência em assalariados urbanizados, a elite groenlandesa começou a regatar uma identidade cultural groenlandesa. Um movimento se desenvolveu em favor à independência, atingindo seu ápice nos anos 1970. Como consequência de complicações políticas em relação à entrada da Dinamarca no Mercado Comum Europeu em 1972, a Dinamarca começou a procurar um status diferente para a Groenlândia, resultando no Ato da Autonomia de 1979.
(A Groenlândia conseguiu seu primeiro feito em 1979 com a autonomia dada pela Dinamarca. Na foto, o Parlamento da Groenlândia, em Nuuk)
Esse ato deu à Groenlândia uma autonomia limitada com sua própria legislatura tomando o controle de algumas políticas internas, enquanto o Parlamento da Dinamarca manteve controle total das políticas externas, segurança e recursos naturais. A lei entrou em vigor em 1º de maio de 1979. A Rainha da Dinamarca, Margrethe II, continua como Chefe de Estado. Em 1985, a Groenlândia deixou a Comunidade Econômica Europeia (EEC) quando teve seu governo próprio, pois não concordava com as regulações de pesca da EEC e o banimento de produtos feitos de pele de foca (uma nota: a Islândia também retirou sua candidatura para ingressar na União Europeia em 2017 pois não concordava com as políticas de pesca, a principal fonte de renda do país – a segunda é o turismo – veja mais sobre a Islândia em nosso site completo sobre o país. Os groenlandeses votaram e aprovaram um referendo para maior autonomia em 25 de novembro de 2008.
(Os groenlandeses foram conseguindo maior autonomia do final do século 20 entrando no 21. Acima, cabines de votação na Groenlândia)
Em 21 de junho de 2009, a Groenlândia ganhou o próprio comando do país com provisões para assumir a responsabilidade em assuntos judiciários, polícia e recursos naturais. Também, os groenlandeses foram reconhecidos como um povo em separado sob lei internacional. A Dinamarca permanece com o controle dos assuntos exteriores e de defesa. A Dinamarca dá à Groenlândia uma ajuda de custo anual de 3,2 bilhões de coroas dinamarquesas (aproximadamente 429,6 milhões de euros), mas à medida que a Groenlândia vai conseguindo arrecadar mais dinheiro por conta própria (como com a indústria do turismo, crescente) dos seus recursos naturais, o montante que a Dinamarca dará irá gradualmente ser diminuído. Isso é geralmente considerado como um passo a uma eventual independência completa da Dinamarca. O groenlandês foi declarado como o único idioma oficial da Groenlândia na cerimônia histórica.
(Crianças celebram o Dia Nacional da Groenlândia. O país está a um passo de ser a próxima nação independente do mundo e terão, com isso, a capital mais ao norte do mundo, Nuuk – deixando para trás Reykjavík, na Islândia, que hoje está no topo da lista. Todos os nomes de cidades em dinamarquês foram trocados por nomes groenlandeses nessa época)